terça-feira, 27 de março de 2012

Release – Tratado do Vazio Perfeito- LOI (por Gabriel Gaya)


“Eu só quero andar por aí numa estrada que me leve ao nada... na contramão da alta temporada”

A despeito do longo prazo que me foi dado para execução deste texto a versão final vai saindo assim “nas coxas” um dia após do lançamento virtual do EP Tratado do Vazio Perfeito dos amigos do La Orchestra Invisível, porém no geral o escrito reúne uma coletânea de sensações que tive sobre as músicas  (espalhadas pelos mais variados tipos de papéis) cozidas a banho-maria desde o início do ano para apreciação coletiva do presente instante. O que vem a seguir é um faixa-a-faixa que recorre a recursos diversos: Da consulta a dicionários ao proselitismo abstrato (a exemplo).
Sangria

SANGRIA S.f.1. Operação de sangrar. 2. Sangue Extraído. 3. Perda. 4 Bebida refrigerante
composta de vinho, água, açúcar e frutas.

Talvez a perda seja o grande motivo do Ep, Seria ela a representação do vazio perfeito que a banda celebra nestas 3 canções ? Ela aparece mais perifericamente em Sangria que trata mais a bem da verdade na imersão de alguém em um labirinto sensorial contemplando sentidos como o tato, audição, visão e passagem do tempo. Ás vezes tenho a impressão de que algumas imagens evocadas por essa música foram retiradas do intervalo entre o sonho e o despertar, aquele momento de interlúdio em que todo pensamento parece interessante ao compositor, de onde viria então a frase: “nasci bem depois do tempo”. Das guitarras á la Bernad Butler (Suede) que iniciam a música aos tchu tchu tchus oníricos do final é uma canção pop perfeita para rádios, playlists e mixtapes.

Capítulo IV: Do Afastamento dos Corpos

A serenidade diante da perda talvez seja o tema central desta canção ensolarada e cheia de energia (principalmente ao vivo) acredito que seja um contraponto involuntário a Canção de Bolso (a primeira gravação da banda) e denota um claro amadurecimento nas canções do grupo cantadas por Marcelo Kahwage, uma exploração maior no vasto terreno da abstração. O planeta La Orchestra tem dois sóis distintos: Um é grande e generoso sua sombra sonora ecoa por gerações. O sol que se esconde carrega em si uma chama interna que ilumina os cantos discretamente com raios involuntários (invisíveis ao Hype).

Música Mais Inocente

A derradeira música do Ep foi a única que ouvi ontem (pois não estava na programação das rádios) e é mais uma que retoma ao tema da perda soando como a busca de uma compositora por sua obra prima perdida dentre os clichês da juventude, uma busca utópica por uma música (outra) mais inocente, sinto uma leve citação a temas da Disney (a valsa da letra me remete a desenhos de contos de fada). A orquestração discreta e o violão econômico ressaltam ainda mais a limpeza do timbre de Larissa Xavier que embora recorra na segunda parte a alguns malabarismos vocais (necessários a canção) finaliza lindamente o Ep. Agora uma dica aos amigos que quiserem (outra) música mais inocente busquem os projetos de musicalização infantil de Pato Fu (música de brinquedo) e Arnaldo Antunes (pequeno cidadão).

Para baixar o Ep clique aqui

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