domingo, 2 de outubro de 2011

Apresentação


 
LOI - Canção de Bolso

 RELEASE, La Orchestra Invisível 



“Hoje em dia tudo são lembranças mas ainda há esperança de que toda essa energia novamente vá voltar” (Frank Jorge e Marcelo Birck, Benga foi pra Liverpool)

Houve um dia em que alguem proclamou a morte da canção no Brasil, a revelia desse olhar apocalíptico existe em Belém quem não caiu em armadilhas desse tipo, se o período áureo e consagrado do gênero - canção é os anos 60 e essa época é marcada por suas próprias tensões, os anos 00 também têm as suas, da tensão nasce a canção, a tensão que gera a vida. Quais são essas tensões? Eu respondo: milhões de kilobites de música de todos os gêneros e épocas sub-ouvidas dentro da imensa voracidade atual (gula de baixadores compulsivos), os subterfúgios criados por fetichismos que exploram infantil engessando seu crescimento, o vanguardismo vazio que exala o cheiro da carne da vaca para degustação, salivamento dos causadores de polêmicas, os que vivem e morrem em vida por uma falsa audácia , interesses ordinários do padrão globo de conduta e aparência que precisam ser transpostos por quem ainda tem coragem, pelo diferente, pela leveza destruidora, pelo poder do invisível.
Em nossa época confusa só os apaixonados compram discos. Desta banda eu compraria dois, um para mim e um para empréstimo. SENHORAS E SENHORES !  La orchestra Invisível.
As referencias:
Poderia aqui me valer de mil paralelos entre bandas irmãs, primas e principalmente aos avós (Love, Beach Boys, Beatles) o que descambaria para os excessos do enciclopedismo de quem respira esse universo. Os criadores e as criaturas desta genealogia ficarão suspensas aqui para que eu tenha a oportunidade rara e a honra de ser consultado particularmente* no futuro, mas este momento e este texto são quase que exclusivamente escritos para La Orchestra Invisível, sim também estou desenvolvendo minha escrita sobre música. Mas o que é esta escrita sem as músicas ?


As músicas


Nesse momento me permito ser didático sem perder o rebolado, me valer do faixa a faixa para transpor sem os sons, sentimentos envolvidos nas canções:

Quadros da Fase Azul: o cromatismo de uma canção vespertina. 
Andarilho: a simplicidade de quem decide finalmente sair de casa.
Canção de Bolso: a epifania e o medo de perder a quem se ama.
O Velho Infante: o vislumbre da velhice, que pode acontecer em quase qualquer idade.
Barril de Gente: a depressão implícita e a falta de espaço nas festas.
Singular: a sensação de que alguma coisa emerge do invisível para mudar radicalmente nossos sentidos na vida.

Integrantes


Quem são os autores e co-autores deste tipo de lirismo: ex-patinhos feios, “os que não dançam externa-eternamente”, não tocaram pandeiro na escola, os que ainda se constragem ao receber elogios, os enjeitados, subempregados, os que passaram da idade de romper a dependência dos pais, os que não tem a vida fácil a despeito de um certo conforto material, os índios preguiçosos, os brancos azedos, amarelos laras e pretos da macumba (personagens emblemáticos dos buillings da escola da vida), os que estão sempre na mira dos olhares e palavras duras, os que transformam ostracismo em perolismo, Nós.

A nação invisível lança aqui de volta seu olhar eterno em letras miúdas.

Gabriel Gaya.
*email: coletivopensebem@gmail.com